sábado, 4 de dezembro de 2010

(Not that) Random Thoughts II



À medida que seguimos vamos também criando uma imagem de nós próprios. E toda a gente pensa que se conhece melhor que ninguém: se ouvimos Rap e não gostamos, a partir daí já não vamos ligar; se nos convidam para ir a algum lado que não nos diga nada, então para quê ir? Com outras pessoas também sofremos do mesmo. Começamos a olhar com uma certa indiferença para todos os outros que se aproximam. Como se dois dedos de conversa fossem suficientes para perceber que aquela pessoa não vem trazer nada de novo ao que já temos. Que aquela pessoa é demasiado (in)diferente para fazer a diferença e mudar mais um pormenor na imagem que temos de nós.

E, como muitas outras coisas na vida, só nos apercebemos disto ao olharmos para trás, já depois de nos arrastarem para fora deste loop infinito. Alguém que insista perante a nossa indiferença e nos faça ver que afinal não é bem assim, que não são meia dúzia de músicas que representam o que o Rap é, que muitas vezes o lugar não interessa e que, resumindo, nos transforma o não num porque não?.

Mas não tem necessariamente que ser outra pessoa. Podemos perfeitamente mudar de forma natural num daqueles dias que nos apetece fazer algo de diferente, por exemplo. E só após esta mudança é que nos vamos apercebendo o quão mal nos conhecemos por andar a dizer não às mais variadas coisas por não nos dizerem nada quando afinal éramos nós que não queríamos escutar o que elas nos diziam. Só depois de cairmos nesta realidade é que temos uma melhor ideia de nós próprios e do que queremos. É claro que é inevitável especular sobre tudo o que podemos ter perdido ao longo deste caminho mas o mais importante é que vamos sempre a tempo de o recuperar.